Até dezembro do ano passado, a italiana Debora Lima Soares, de 35 anos, não tinha uma imagem em que aparecesse sorridente na galeria de fotos de seu celular. Os dentes frontais separados e a gengiva que cobria parte da arcada dentária a incomodavam tanto que, em todos os cliques, ela aparecia com os lábios fechados, esboçando um sorriso tímido. Apesar da insatisfação, não teve pressa em resolver o problema e passou anos procurando por um profissional cujo trabalho resultasse bem natural. Um dia, deslizando pelo feed do Instagram, deparou-se com a página do dentista brasileiro Avelino Veit. Na hora, soube que a sua procura havia terminado. “Tinha muita vergonha de sorrir com vontade, sabe? Mostrando bem os dentes. Sabia que tinha que fazer um procedimento estético, mas não me sentia segura em fazer na Itália ou em qualquer lugar da Europa. Não era pelo preço, mas pela qualidade mesmo. Aqui o resultado é muito artificial: dentes muito brancos, falsos demais”, explica a gerente de RH.

O primeiro passo foi marcar uma vídeo chamada com o dentista, que explicou tudo o que ela precisaria fazer. Veit passou uma lista de clínicas em Milão, onde ela mora e poderia agendar as radiografias necessárias. Em seguida, o profissional detalhou o tratamento. Com férias marcadas para dezembro, Debora aproveitou para vir ao Brasil construir o sorriso. Assim que desembarcou no país, encontrou-se com o motorista que estava à sua espera no aeroporto. O mergulho na praia ficou para o dia seguinte e ela seguiu para o consultório de Veit, no Leblon, para fazer o molde da arcada. Cinco dias e 12 lentes de contato depois, Debora ficou com dentes “perfeitos”.

Instalado numa clínica de 150 metros quadrados, na torre de escritórios do Shopping Leblon, Veit é expert em reabilitação oral avançada e investiu pesado no negócio. Só o laboratório, onde lentes e implantes são produzidos, consumiu R$ 10 milhões em cinco anos. Além dos aportes em tecnologia, com equipamentos de ponta, apostou na contratação de oito profissionais, ao lado da mulher e sócia, Cynthia, pioneira em estudos e pesquisas de micro-implantes. Ao todo, emprega mais de 40 funcionários. E não economiza quando o assunto é a satisfação dos pacientes. Enquanto esperam, todos têm a opção de descansar numa sala equipada com frigobar, TV e poltrona reclinável. Um tratamento que os outros dentistas demoram de dois a seis meses para executar, como colocar lentes em todos os dentes da boca, Dr. Veit faz em uma semana.

Quarta geração de dentistas na família, ele saiu do Mato Grosso e estudou em Campinas. Com mais de 20 anos de profissão e 30 mil implantes no currículo, o cirurgião-dentista foi o pioneiro no Brasil com a técnica de carga imediata, que possibilita fazer um implante ou uma prótese numa mesma consulta, sem cortes, evitando cirurgias invasivas. Até a pandemia, todo o atendimento era no consultório. E chegava a receber de três a quatro gringos por mês. Quando foi obrigado a fechar as portas, resolveu atender on-line para serviços de emergências. Acabou vendo que era possível trabalhar à distância e o número de estrangeiros subiu. Hoje, recebe uma média de 15 mensalmente. Ele atribui a popularidade a três fatores: “Primeiro, o tratamento aqui é mais rápido e barato. Segundo, o resultado é excelente. Por último, a hospitalidade do Rio”.

Casada com o bacharel em Relações Internacionais Thiago Mello, a dentista Natália Liuzzi, de 38 anos, viu a rotina do consultório mudar quando o marido deixou o emprego numa empresa de comércio exterior para ajudá-la na administração. Com tino comercial aguçado, foi ideia dele investir em pacientes de fora do país. Fluente em inglês, francês, espanhol e mandarim, Thiago resolveu fazer propaganda dos serviços da mulher. Antes da pandemia, a dentista atendia a uma média de dois estrangeiros por mês. Hoje, são mais de dez.

A qualidade dos serviços e o preço são os melhores cartões de visita da clínica localizada na Praia do Flamengo. “Temos uma tabela única. Não cobramos mais caro só porque o paciente é gringo. Somos bem competitivos”, comenta Mello. O casal viu o negócio decolar depois da pandemia. Para agilizar o processo, eles também montaram um laboratório próprio. Para se ter uma ideia, procedimentos como a faceta, uma espécie de lente de contato mais espessa, fica pronta em uma semana.

No carnaval, quando muitos estrangeiros vêm ao Rio, o clareamento é o procedimento mais pedido. “O Brasil é referência quando o assunto é saúde e beleza”, diz a empresária francesa Joelle Muser, paciente de Natalia Liuzzi, encantada com a vista da Baía de Guanabara como pano de fundo. “Fiquei impressionada com a estrutura da clínica e com a eficiência dos profissionais. Moro em Londres e, lá, o procedimento que fiz, num lugar parecido com esse consultório no Rio, sairia por um preço absurdo. No final, meu marido e nossas filhas também vieram para cuidar dos dentes e foi ótimo porque pudemos aproveitar a cidade juntos.”